18 de novembro de 2014

Qual é a cor do amor?

Gosto muito de fábulas. 

11 anos atrás escolhi esta para a festa da Dia da Consciência Negra, lá na E.E. Henrique Galvão, onde eu ensinava Matemática. Marta, uma aluna muito querida, fez a leitura. Ao final, ela me abraçou chorando e meu coração ficou em pedaços. 

Hoje entendo melhor o motivo das lágrimas.


13 de novembro de 2014

Como os meninos também sofrem

Tenho lido muito sobre como as mulheres sofrem. Desde o nascimento (e muitas delas nem chegam a nascer pelo simples fato de serem mulheres) as meninas são violentadas de várias maneiras, começando pelo furo da orelha e seguindo pelos trabalhos domésticos, duplas jornadas, menores salários, assédio, violência física, sexual e psicológica etc.

Mas o que tenho refletido bastante é sobre os meninos. Tenho um filho de 4 anos e tento criá-lo sem sexismo, sem essa de que "isso é coisa de menina", ou "menino não pode isso", mas o mundo à sua volta não é assim. O mundo é cruel, as pessoas são cruéis, e os rótulos vem, muitas vezes, das pessoas que mais amamos. 

Outro dia ele comentou que, na escola, ele não pode usar o lápis de colorir rosa por ser menino. Na hora do lanche, eles se sentam em mesas distintas (uma para meninas e outra para meninos). Para a festa de encerramento, cada criança teve o direito de escolher seu par pra dançar. Uma menina escolheu sua amiguinha, e foi perfeitamente aceito. Se um menino tivesse escolhido outro menino pra dançar, com certeza seria tolhido, porque menino com menino não pode.  Na hora de ver desenhos, muitos torcem o nariz porque menino não pode ver My Little Poney ou desenhos ditos de meninas. Se o menino quer dançar a música do comercial, não pode porque isso é coisa de "mulherzinha" (enquanto a menina é incentivada, é matriculada no balé desde bem pequena, é colocada em cima da mesa pra dançar pras visitas etc).

São essas pequenas ações, esse tratamento diferenciado, esse olhar malicioso, os comentários de mal gosto... são essas pequenas violências disfarçadas de "cuidados preventivos" que sofrem nossas crianças, desde muito pequenas. 

Foi por isso que eu comprei uma camisa rosa pro meu filho. É por isso que ele tem bonecas de pano, carrinhos, aviões e panelinhas. É por isso que eu não dou um ferro de passar de presente pra minha sobrinha (nem pro meu filho), nem pia, nem fogão. Chega de impor nossos preconceitos e contaminar nossas crianças com ideias retrógradas. Um lápis de cor ou uma blusa rosa não mudam a orientação sexual de ninguém. É justamente o medo de ver o filho sofrer que faz com que muitos pais rejeitem a ideia de um filho homossexual. Mas e o sofrimento que causam à criança, desde o início de sua vida, para que ela seja hétero? E essas atitudes vão mudar alguma coisa? Não, a resposta é não. 

Então, por favor, deixem nossas crianças livres pra serem crianças!