15 de fevereiro de 2017

O adeus e o doce de goiaba

Antes de viajar ela me deu um presente: compota de goiaba. Me disse que era pra comer com o queijo de Minas. Fiquei de trazer para comermos juntas, doce e queijo, enquanto colocássemos a conversa em dia.

Voltei sem o queijo, coração tava apertado demais por causa da sua partida para o outro plano durante as férias.

O doce ficou na geladeira, toda vez que olhava pro potinho azul me lembrava da amiga, da avó, do carinho em forma de comida, e sua falta ficava ainda mais forte...

Hoje criamos coragem... O doce está uma delícia, e senti como se ela fosse bater na porta e perguntar se eu tinha gostado. Agora as lágrimas estão vindo a todo momento, como se o coração fosse se despedindo dela, à medida que a boca adoça... Imagino ela, de lá de cima, sorrindo feliz vendo a gente comer suas delícias. 

Se a gente é o que come, então hoje eu sou toda amor, carinho e saudade, muita saudade...

D.Zélia.

23 de agosto de 2016

Os brasileiros que foram separados à força de pais com lepra e lutam por reparação

Ler essa reportagem me fez lembrar do tempo em que frequentava a colônia em Betim e a mini cidade criada ao redor, chamada Citrolândia. Minha tia costurava para os moradores de lá, com quem tinha feito amizade durante as visitas ao sogro. Fui lá muitas vezes e pude conviver com pessoas de olhar triste, que nos enchiam de mimos e a quem fazíamos sorrir, pelo menos um pouco. 

Triste história de nosso povo...


http://www.bbc.com/portuguese/brasil-36800589?ocid=socialflow_facebook
 

Sobre minhas avós

Não tive o privilégio de conhecer minhas avós, mas sei que foram mulheres fortes, guerreiras e que foram cedo demais pro outro plano. Essas aqui são minha bisa materna Sinh'Ana e minha avó Ana Cândida. Da minha avó paterna Maria Benfica nunca vi uma foto, mas ainda procuro com a família lá de Perdigão-MG.

Imagino que elas eram muito carinhosas, cheirosas e boas cozinheiras. Nos meus sonhos sempre as sinto me abraçando, e a casa tem sempre um cheiro de biscoito de polvilho frito, coisa bem mineira... 


Avós queridas, nunca as vi, nunca as abracei, mas vocês estão em mim, são parte de mim, eu vim de vocês e prometo fazer o melhor pra honrar essa dádiva que me deram: a vida!


2 de fevereiro de 2015

Hoje completo 12 anos de Bahia

Hoje completo 12 anos de Bahia. 

Cheguei num dia de festa, dia da Rainhas das Águas, e vi a festa do alto, um mar de gente linda e devota.

Tem um trecho de música do Boca Livre que resume bem tudo que tenho sentido nesses anos:

"Tanta saudade eu já senti, mas foi coisa tão bonita, da vida nunca vou me arrepender..." 

Agradeço a Deus por ter vindo pra essa terra linda, pela família maravilhosa que construímos a cada dia, por ter feito amigos pra vida toda, por ter aprendido tanto, principalmente a valorizar as pessoas que talvez, estando perto, não recebiam o devido valor. 

Reservei uma imagem, um registro feito da Bahia de todos os santos, pra ilustrar essa maravilha que é viver.
 

Obrigada terra boa, de gente boa!


18 de novembro de 2014

Qual é a cor do amor?

Gosto muito de fábulas. 

11 anos atrás escolhi esta para a festa da Dia da Consciência Negra, lá na E.E. Henrique Galvão, onde eu ensinava Matemática. Marta, uma aluna muito querida, fez a leitura. Ao final, ela me abraçou chorando e meu coração ficou em pedaços. 

Hoje entendo melhor o motivo das lágrimas.


13 de novembro de 2014

Como os meninos também sofrem

Tenho lido muito sobre como as mulheres sofrem. Desde o nascimento (e muitas delas nem chegam a nascer pelo simples fato de serem mulheres) as meninas são violentadas de várias maneiras, começando pelo furo da orelha e seguindo pelos trabalhos domésticos, duplas jornadas, menores salários, assédio, violência física, sexual e psicológica etc.

Mas o que tenho refletido bastante é sobre os meninos. Tenho um filho de 4 anos e tento criá-lo sem sexismo, sem essa de que "isso é coisa de menina", ou "menino não pode isso", mas o mundo à sua volta não é assim. O mundo é cruel, as pessoas são cruéis, e os rótulos vem, muitas vezes, das pessoas que mais amamos. 

Outro dia ele comentou que, na escola, ele não pode usar o lápis de colorir rosa por ser menino. Na hora do lanche, eles se sentam em mesas distintas (uma para meninas e outra para meninos). Para a festa de encerramento, cada criança teve o direito de escolher seu par pra dançar. Uma menina escolheu sua amiguinha, e foi perfeitamente aceito. Se um menino tivesse escolhido outro menino pra dançar, com certeza seria tolhido, porque menino com menino não pode.  Na hora de ver desenhos, muitos torcem o nariz porque menino não pode ver My Little Poney ou desenhos ditos de meninas. Se o menino quer dançar a música do comercial, não pode porque isso é coisa de "mulherzinha" (enquanto a menina é incentivada, é matriculada no balé desde bem pequena, é colocada em cima da mesa pra dançar pras visitas etc).

São essas pequenas ações, esse tratamento diferenciado, esse olhar malicioso, os comentários de mal gosto... são essas pequenas violências disfarçadas de "cuidados preventivos" que sofrem nossas crianças, desde muito pequenas. 

Foi por isso que eu comprei uma camisa rosa pro meu filho. É por isso que ele tem bonecas de pano, carrinhos, aviões e panelinhas. É por isso que eu não dou um ferro de passar de presente pra minha sobrinha (nem pro meu filho), nem pia, nem fogão. Chega de impor nossos preconceitos e contaminar nossas crianças com ideias retrógradas. Um lápis de cor ou uma blusa rosa não mudam a orientação sexual de ninguém. É justamente o medo de ver o filho sofrer que faz com que muitos pais rejeitem a ideia de um filho homossexual. Mas e o sofrimento que causam à criança, desde o início de sua vida, para que ela seja hétero? E essas atitudes vão mudar alguma coisa? Não, a resposta é não. 

Então, por favor, deixem nossas crianças livres pra serem crianças!

8 de abril de 2014

08 de Abril: Dia Mundial de Combate ao Câncer

Quando minha mãe recebeu o diagnóstico do câncer de mama, em 2001, eu estava com ela no consultório e choramos em silêncio, eu, ela e o médico. Não falamos nada, mas o medo da morte sempre ronda esse diagnóstico.

Travamos uma luta contra o tempo. O SUS não segue o ritmo de quem quer se curar e procuramos outros meios pra fazer logo a cirurgia. Me lembro bem do dia em que conversamos sobre isso com o médico. Havia duas possibilidades, retirar a mama toda e fazer quimio ou retirar uma parte e fazer rádio e quimio. Minha mãe foi sábia e delicada, e disse ao médico:

- Minhas mamas foram importantes para amamentar meus filhos, agora não preciso mais delas, pode tirar.

Nova onda de choro, eu, o médico, ela e meu pai, que ficou sempre o seu lado (diferente de algumas irmãs dela, que se afastaram porque não queriam vê-la morrer).

Pra bancar a cirurgia num hospital particular tivemos que apelar pra tudo: papai retirou FGTS, PIS, fiz empréstimos com meu patrão e os amigos fizeram rifas e mais rifas, ajudando do jeito que podiam. O importante era fazer a cirurgia e começar o tratamento o quanto antes.

Quando me formei, em dezembro, mamãe já estava terminando as sessões de quimio e foi pras comemorações de lenço. Ela estava insegura e, por isso, usei lenço também, assim lançamos uma moda especial.

Hoje ela está curada, mas sei que ela não é mais a mesma desde o diagnóstico. Sempre foi uma mãe rígida e agora virou uma avó “frouxa”, rs. Tudo pode, tudo se resolve, pra tudo chora. Ficou mais sensível, menos turrona. Acho que se ver diante da morte faz essas coisas.

Ela não é perfeita, mas é uma heroína! É a minha heroína!

Nesse 08 de abril, Dia Mundial de Combate ao Câncer, muitos estão lutando por suas vidas. Ajude-os e se ajude também. Se cuide!



26 de fevereiro de 2014

Educação Positiva

Tive um tio que sofreu muito na primeira infância. Nem todo o amor e cuidados dos pais adotivos (meus avós) foi capaz de apagar as marcas que a violência deixou. Viveu sempre à margem, não se sentia digno do amor que recebia. No final, decidiu dar fim à própria vida. Que Deus conforte sua alma e as daqueles que causaram tanto sofrimento.


Fiquemos atentos, tudo o que fazemos, falamos e mostramos vai influenciar na vida de nossas crianças.


20 de fevereiro de 2014

Sobre pais e filhos

Tudo bem, pode ser a TPM, ou o fato de meu avô estar ficando cada vez mais velhinho e o tal do Alzheimer estar levando-o pra longe de nós muito rápido. Mas esse texto me tocou muito, e é realmente o que eu penso e que ensino ao meu filho. Hoje eu cuido dele e muito em breve ele cuidará de mim e do pai... pensando nisso, pretendo ter outro filho, para não deixar cair sobre ele todo esse peso. 

Meu vô Jonas, aqui ainda em plena forma.

Vale a pena a leitura:

Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.
É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso.
É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho. É quando aquele pai, outrora firme e instransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar.
É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.
É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
Todo filho é pai da morte de seu pai.
Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.
E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.
Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.
Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro.
A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas.
Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.
A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.
Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.
Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente?
Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos.
No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
— Deixa que eu ajudo.
Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo.
Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
Embalou o pai de um lado para o outro.
Aninhou o pai.
Acalmou o pai.
E apenas dizia, sussurrado:
— Estou aqui, estou aqui, pai!
O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali.

Autor: Fabrício Carpinejar.

Sobre o ser mãe...

Recebi esse texto no meu Facebook. Foi difícil ler até o final, as lágrimas insistiram em cair e atrapalhar a leitura. Muito lindo!




Nós estamos sentadas, almoçando, quando minha filha casualmente menciona que ela e seu marido estão pensando em “começar uma família”.

— Nós estamos fazendo uma pesquisa — ela diz, meio de brincadeira. — Você acha que eu deveria ter um bebê?

— Vai mudar a sua vida — eu digo, cuidadosamente, mantendo meu tom neutro.

— Eu sei — ela diz. — Nada de dormir até tarde n
os finais de semana, nada de férias espontâneas…

Mas não foi nada disso que eu quis dizer. Eu olho para a minha filha tentando decidir o que dizer a ela. Eu quero que ela saiba o que ela nunca vai aprender no curso de casais grávidos. Eu quero lhe dizer que as feridas físicas de dar à luz irão se curar, mas que tornar-se mãe deixará uma ferida emocional tão exposta que ela estará para sempre vulnerável.

Eu penso em alertá-la que ela nunca mais vai ler um jornal sem se perguntar: “E se tivesse sido o MEU filho?”; que cada acidente de avião, cada incêndio irá lhe assombrar; que quando ela vir fotos de crianças morrendo de fome, ela se perguntará se algo poderia ser pior do que ver seu filho morrer.

Olho para suas unhas com a manicure impecável, seu terno estiloso e penso que não importa o quão sofisticada ela seja, tornar-se mãe irá reduzi-la ao nível primitivo da ursa que protege seu filhote; que um grito urgente de “Mãe!” fará com que ela derrube um suflê na sua melhor louça sem hesitar nem por um instante.

Eu sinto que deveria avisá-la que não importa quantos anos investiu em sua carreira, ela será arrancada dos trilhos profissionais pela maternidade. Ela pode conseguir uma escolinha, mas um belo dia entrará numa importante reunião de negócios e pensará no cheiro do seu bebê. Ela vai ter que usar cada milímetro de sua disciplina para evitar sair correndo para casa, apenas para ter certeza de que o seu bebê está bem.

Eu quero que a minha filha saiba que decisões do dia a dia não mais serão rotina; que a decisão de um menino de 5 anos de ir ao banheiro masculino, ao invés do feminino, no McDonald's, se tornará um enorme dilema; que ali mesmo, em meio às bandejas barulhentas e crianças gritando, questões de independência e gênero serão pensadas contra a possibilidade de que um molestador de crianças possa estar observando no banheiro.

Não importa o quão assertiva ela seja no escritório, se questionará constantemente como mãe.

Olhando para minha atraente filha, eu quero assegurá-la de que o peso da gravidez ela perderá eventualmente, mas que jamais se sentirá a mesma sobre si mesma; que a vida dela, hoje tão importante, será de menor valor quando ela tiver um filho; que ela a daria num segundo para salvar sua cria — mas que também começará a desejar mais anos de vida, não para realizar seus próprios sonhos, mas para ver seus filhos realizarem os deles.

Eu quero que ela saiba que a cicatriz de uma cesárea ou estrias, se tornarão medalhas de honra.

O relacionamento de minha filha com seu marido irá mudar, mas não da forma como ela pensa. Eu queria que ela entendesse o quanto mais se pode amar um homem que tem cuidado ao passar pomadinhas num bebê ou que nunca hesita em brincar com seu filho. Eu acho que ela deveria saber que ela se apaixonará por ele novamente por razões que hoje ela acharia nada românticas.

Eu gostaria que minha filha pudesse perceber a conexão que ela sentirá com as mulheres que, através da história, tentaram acabar com as guerras, o preconceito e com os motoristas bêbados.

Eu espero que ela possa entender por que eu posso pensar racionalmente sobre a maioria das coisas, mas que me torno temporariamente insana quando discuto a ameaça da guerra nuclear para o futuro dos meus filhos.

Eu quero descrever para minha filha a enorme emoção de ver seu filho aprender a andar de bicicleta.

Quero mostrar a ela a gargalhada gostosa de um bebê que está tocando o pelo macio de um cachorro ou gato pela primeira vez. Quero que ela prove a alegria que, de tão real, chega a doer.

O olhar de estranheza da minha filha me faz perceber que tenho lágrimas nos olhos.

— Você jamais se arrependerá — digo finalmente. Então estico minha mão sobre a mesa, aperto-lhe a mão e faço uma prece silenciosa por ela e por mim e por todas as mulheres meramente mortais que encontraram em seu caminho esse que é o mais maravilhoso dos chamados; esse presente abençoado de Deus, que é ser mãe.

Autor Desconhecido
Via: Saúde da Mulher

28 de novembro de 2013

"Cada um tem o seu céu..."


Não é segredo que amo o Rubem Alves. Gosto do que ele ensina com sua experiência, e do seu jeito mineiro de ser e de ver a vida... é preciso aprender com os velhos, e também com os novos, e é isso que tento fazer. 


"Cada um tem o seu céu..." e eu aqui, pensando e sonhando com o meu, que tem água de filtro de barro e gosto de sonho com doce de leite. Cheiro de casa limpa, cheiro de sábado...


20 de novembro de 2013

Dia da Consciência Negra


Certa feita assisti a um filme muito lindo (O Destino de uma Vida / Losing Isaiah) e uma das cenas me marcou bastante. Em meio a lutas de uma família branca para vencer o preconceito por terem adotado um menino negro, a filha mais velha pergunta ao menino, com a mão dele sobre a sua:


- "Qual a diferença entre nós?"

E ele, com seu olhar de criança, responde:

- "A sua mão é maior que a minha!" 



Que possamos ver o mundo com os olhos das crianças que um dia fomos e que ainda estão dentro de nós. Somos todos iguais, viemos e voltaremos para o mesmo pó, e pó tem uma só cor. 



Feliz dia da Consciência Negra!

13 de junho de 2013

Sobre amigos e decepções...

Por que será que um amigo, alguém por quem você tem um carinho enorme, com quem você divide sua vida, suas conquistas, suas tristezas, que te ampara em momentos difíceis (e vice-versa), com quem você sabe que sempre pode contar, pra quem você liga assim que descobre que está grávida, que te acompanha e está com você, muitas vezes, até durante mais tempo que as pessoas da família, de repente muda? 

Passei algum tempo tentando entender, buscando na memória algo que eu tenha feito para afastar ou diminuir a confiança... meses de sofrimento, de tristeza por não ter conseguido manter essa amizade tão especial. 

Mas o fato é que, justamente quando tomo a iniciativa de tentar esquecer e pensar que o problema não está em mim e sim nas expectativas que crio em relação ao outro, leio a seguinte mensagem no mural do Medrado (Cidade da Luz):


"Há almas que se entristecem e se decepcionam afirmando que amigos mudaram de comportamento. As pessoas, em geral, são o que são e se revelam com o tempo. Assim, a decepção é apenas a chegada da real visão à sua razão do que sempre foi e você não via. Então, agradeça e siga..."(Frei Carlos Murion)


Faço então isso agora. Muito obrigada por tudo que passamos juntas. Você estará sempre em meu coração, em minhas memórias e em minhas orações. Se cuide! 

4 de fevereiro de 2013

O que me move???

Uma certa vez, lá pelos idos de 1995, fiquei desempregada e precisava me recolocar no mercado de trabalho (eu tinha 16 anos e a empresa na qual trabalhava há 1 ano havia fechado).
 
Eis então que minha antiga chefe, com a maior boa vontade, recorreu a uma pessoa da família, que precisava de uma secretária para trabalhar com ela numa empresa de sorvetes. Explicou a ela o caso, contou tudo sobre mim e explicou que eu era de confiança, estudava (estava terminando o 2º grau) etc... e a resposta foi a seguinte: "Preciso de alguém mais inteligente".
 
Disse à minha ex chefe que tudo bem, e que logo encontraria um novo emprego, o que não demorou pra acontecer. Fui pra uma nova empresa e lá fiquei por 6 anos, saindo só depois de concluir o curso superior em Matemática, já com 2 cargos conquistados no estado via concurso público.
 
Hoje, depois de rever uma foto daquela que me considerou pouco inteligente, essa história veio toda na minha memória, como se estivesse numa caixinha de guardados, e fiquei pensando qual seria o rumo que eu tomaria se ela não tivesse dito aquilo. Será que teria ido pra faculdade? Será que teria sido professora? Ou será que teria me acomodado num empreguinho como secretária pelo resto da vida?
 
O que me move é o desafio, é não acreditar no que dizem sobre mim... Podem até me achar pouco inteligente, mas se eu acreditar no que pensam de mim, aí sim serei pouco inteligente e estarei fadada ao fracasso. 
 
Só eu sei quem sou e do que sou capaz, mais ninguém!

24 de janeiro de 2013

Reflexões estradeiras...

Viajei 4 dias pelas estradas do Brasil (entre Minas e Bahia) e pude constatar algo triste: os caminhões não trazem mais suas frases características, aquelas que são a nossa cara e que as minhas professoras sempre pediam pra listar nos trabalhos sobre Folclore.
 
Umas das poucas que vi foi essa aí embaixo, o resto todo eram citações evangélicas (nada contra os evangélicos, mas senti falta das risadas que as outras frases sempre me causam).
 


 Daí tiro duas conclusões:

 - os caminhoneiros não são mais donos dos seus caminhões, são apenas funcionários de grandes empresas, assalariados e enriquecendo os patrões (e por isso mesmo não estão nem ligando se o caminhão bater em algum carro, ou quebrar numa ultrapassagem louca etc, aumentando ainda mais o risco de acidentes);

 - quando os professores de João, em agosto, pedirem que os alunos listem frases de caminhão será um festival de "Foi Deus quem me deu" e similares.

Triste... saudades dos velhos tempos.
 
20 V ♥



21 de dezembro de 2012

Natal sem consumismo

Gosto muito de presentear, e essa época natalina nos inspira a confraternizar e, consequentemente, trocar presentes.

Numa ideia contrária ao consumismo, adotei uma espécie de "assinatura": faço os presentes dos meus amigos.

Como sou mineira, escolhi algo prático, útil e que eu consigo fazer: Tempero Mineiro.

Acho que os amigos gostam, porque alguns já passam o mês de dezembro me dizendo: "Esse ano vai ter tempero?"; "tô esperando o tempero pras comidinhas do Natal, heim?" e por aí vai.

Vejam como ficou a versão 2012 do Tempero Mineiro, receita de minha mãe e adaptada aos ingredientes disponíveis aqui em Salvador:



 
 
FELIZ NATAL !!!

18 de dezembro de 2012

Aprendendo com as pedras

Devo admitir que minha estada nesse mundo tem sido de muito aprendizado, principalmente com os problemas. O difícil é entender que toda pedra pode se tornar tijolo para nossa autoconstrução. Antes disso ela dói, machuca, nos faz querer desistir... mas é preciso sabedoria e paciência para não jogá-la de volta à quem lhe atirou ou àquele que deixou-a ali, no seu caminho, justamente para que você tropeçasse.
 
Há também as pedras dos ideais... e há aqueles que te apóiam e te ajudam a se esquivar e não deixar que te atinjam ou, caso te atinjam, não causem grande estrago. A esses, o meu muito obrigada. Aos atiradores de pedras, agradeço também.
 
"Um grama de ação vale uma tonelada de teoria" (Engels)

3 de dezembro de 2012

Título é conhecimento?

Uma coisa é certa: assumiu o papel de aluno, independente da idade e da escolaridade, todos voltam a ser crianças!
 
Assim tem sido também na EaD: alguns alunos simplesmente ignoram tudo que já viram e que já aprenderam e voltam à imaturidade, à grosseria e cabe ao docente tomar cuidado para não "descer do salto" algumas vezes.
 
Num grupo recente, um aluno se ressentiu por não receber boa nota num fórum de discussão. Enviou mensagem indignado! Minha resposta foi embasada em alguns bons autores:
 
 
Veja o que dizem Grassi e Silva (2010):
Durante a discussão em um fórum, não será obrigatório estar fixo a um único ponto durante o debate, mas abrir espaços para ir além do tema proposto inicialmente, para que cada membro do grupo firme seu posicionamento, não somente apoiando-se em conceitos empíricos e de senso comum, mas buscando o apoio em outros autores. Dessa forma, deve-se estimular e permitir que todos os membros dessa CVA sejam protagonizadores de suas ações. Não será somente um espaço para responder a questionamentos ou considerar a sua participação como mais uma atividade a ser cumprida, mas um espaço para reflexão.
 
Segundo Marco Silva (2000),
  

Para promover a sala de aula interativa o professor precisa desenvolver pelo menos cinco habilidades, entre outras:

- Pressupor a participação-intervenção dos alunos, sabendo que participar é muito mais que responder "sim" ou "não", é muito mais que escolher uma opção dada; participar é atuar na construção do conhecimento e da comunicação;
- Garantir a bidirecionalidade da emissão e recepção, sabendo que a comunicação e a aprendizagem são produzidas pela ação conjunta do professor e dos alunos;
- Disponibilizar múltiplas redes articulatórias, sabendo que não se propõe uma mensagem fechada, ao contrário, se oferece informações em redes de conexões, permitindo ao receptor ampla liberdade de associações, de significações;
- Engendrar a cooperação, sabendo que a comunicação e o conhecimento se constroem entre alunos e professor como co-criação e não no trabalho solitário;
- Suscitar a expressão e a confrontação das subjetividades, sabendo que a fala livre e plural supõe lidar com as diferenças na construção da tolerância e da democracia.

Estas são habilidades necessárias para o professor aproveitar ao máximo o potencial das novas tecnologias em sala de aula. Contudo, não se destinam somente à sala de aula "inforrica". Pois, uma vez que interatividade é conceito de comunicação e não de informática, tais habilidades são necessárias também para o professor que quer modificar sua postura comunicacional na sala "infopobre".

Não deu outra: o aluno ficou ainda mais irritado e respondeu, cheio de citações próprias e assinatura cheia de títulos.
 

Outra coisa certa: tem gente que acha que basta ter diploma para ser dono da verdade!

Onde foi parar a humildade?
 

12 de novembro de 2012

Criando cursos online

Nunca me imaginei na função que ocupo hoje: Designer Instrucional.
 
Tenho trabalhado, desde o início do ano, na criação de cursos online.
Começou como algo natural, com o curso de Raciocínio Lógico na Prática Docente, em 2005. Fui pro Moodle, testei, inventei, testei de novo e o curso agradou a todos.
 
E aí, como quem não quer nada, comecei a ser procurada pelos colegas pra dar uma ajudinha nos seus cursos, embelezá-los, deixá-los mais agradáveis visualmente e também mais interessantes do ponto de vista pedagógico. Pedi pra fazer um curso no IBDIN - Instituto Brasileiro de Desenho Instrucional. A partir daí, foi só uma questão de tempo pra que a função de DI fosse criada e, após um longo processo seletivo, eu e mais uma colega mudássemos de função.
 
E agora os desafios cresceram! Criar cursos online é algo complexo, não é algo fácil como possa parecer. Ainda mais quando se trata de uma instituição séria e importante quanto o Senac.
 
Estamos às voltas com um curso de 20h há 6 meses! Agora vou fazer uma análise cronológica pra identificar os momentos em que o tempo poderia ter sido melhor aproveitado, sem tantas idas e vindas...
 
E eu que estava querendo um pouco mais de tempo e sossego, agora estou até me aventurando pelo mundo do Dreamweaver! Me dei conta de que preciso aprender mais sobre a linguagem de programação, HTML 5 (porque Flash é muito pesado) etc.
 
Vamos lá! Aprender sempre!
 
 

28 de agosto de 2012

O dilema do professor frente à geração Z

Este texto foi publicado na Revista Profissão Mestre, que acompanho há algum tempo.
A internet não tem revolucionado somente a educação, mas também nossa vida pessoal, a maneira como nos comunicamos com nossos familliares e amigos, como ficamos sabendo das novidades familiares, como conhecemos outras pessoas. Há quem diga que a internet "aproxima os distantes e afasta os próximos". Eis uma verdade triste!
 
 
O dilema do professor frente à geração Z
Como concorrer com ferramentas como o celular, o computador e a Internet e suas inúmeras formas atrativas que encantam os jovens da geração Z (nascidos a partir de 1993)? Como captar a atenção desses jovens que nasceram e cresceram na era digital? Qual o desafio do professor em atrair essa geração acostumada com e-mail, Twitter, Facebook, Orkut, blogs, Google, informações e comunicações instantâneas?
Há uma reclamação recorrente por parte dos professores com relação ao uso do notebook em sala de aula, uma vez que os alunos se distraem e não prestam atenção à aula. Ora, mas essa geração é a geração da pluralidade, que consegue desenvolver várias tarefas ao mesmo tempo. É comum, durante as aulas, o aluno fazer uma pesquisa, tuitar, atualizar o mural do Facebook, isso tudo ao mesmo tempo, enquanto assiste às aulas. Mas quanto do conteúdo que é dado em sala pelo professor é realmente assimilado?
A grande vantagem da internet é o acesso fácil e a qualquer momento à informação. Com isso, os alunos acabam preterindo a fala do professor, ou melhor, a aula, pois sabem que podem, num piscar de olhos, fazer uma leitura sobre aquele assunto. A internet estimula as inteligências múltiplas de diversas maneiras, mas talvez de forma superficial. Por exemplo: a leitura em profundidade foi substituída por posts. Para que o aluno precisa ler um livro sobre determinado assunto se o Google disponibiliza o resumo, se o Youtube oferece os mais fantásticos (e também os mais medíocres) vídeos dos mais diferentes assuntos?
O neurocientista Gary Small, pesquisador da Universidade da Califórnia (EUA), acredita que, desde quando o homem primitivo aprendeu a usar uma ferramenta, o cérebro não sofria um impacto tão grande e significativo como ocorreu com o uso da Internet. Sabemos que o cérebro humano é uma estrutura que é movida a desafios e que se transforma com eles.
Segundo pesquisa recente, os alunos de bons professores aprendem 68% mais do que os colegas orientados pelos piores docentes. Então o professor é quem faz a diferença. Apesar de todos os atrativos da internet, em sala de aula, um bom professor é o destaque. E nesse sentido o papel do professor é fundamental em abastecer e alimentar os cérebros dos seus jovens alunos e ajudá-los a aprofundar o conhecimento, a fazer conexões, a transformar essa rede de informações em conhecimentos significativos. Ou pode também proibir o aluno de usar o notebook e de acessar a Internet e usar em suas aulas apenas o PowerPoint, para mostrar textos e mais textos, lendo-os em seguida, sem explicar ou contextualizar, sem instigar os alunos à participação.
Se, afinal, a geração Z está acostumada com atividades que envolvam oxigenação, inovação, criatividade, como se relacionar com alunos que estão num nível digital, tecnológico, diferente do professor?
É necessário que o professor esteja motivado, busque qualificação permanente, conheça as características das novas gerações, os processos cognitivos de aprendizagem, as novas tecnologias e, claro, interaja com elas. Nesse sentido, somos todos aprendizes.
 
Elizabeth Magno é professora do Estado em Macapá (AM) e coordenadora pedagógica do Centro de Ensino Superior do Amapá.
Ano 9 - Nº 227-12/08/2011